segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Verdadeiro Tempo Vivido

Verdadeiro Tempo Vivido

Imagem: Reprodução

Abaixo, reproduzo um conto da sabedoria árabe, onde retrata de uma maneira criativa, o verdadeiro tempo vivido em nossa vida até nossa morte.

   Um homem inquieto, conhecido como Buscador, ouvira falar das belezas de Kammir, uma cidade do outro da fronteira, e decidiu conhecê-la. Depois de dois dias de marcha por caminhos pedregosos, divisou-a ao longe. 
   Quando subia a colina em direção à cidade, exausto que estava, foi tomado de encantos por um lindo parque com árvores, flores e pássaros, muitos pássaros. 
   Resolveu descansar um pouco naquele lugar.
   Recostado numa árvore, percebeu que, ali no chão, havia uma placa, que dizia:”Abdul Tareg, viveu quatro anos, seis meses e três dias”. 
   O homem se estremeceu ao perceber que aquela era uma lápide e sentiu pena ao pensar que a pobre criança vivera tão pouco. 
   Foi quando percebeu que logo adiante havia outra placa que dizia: “Yamir Kalib, viveu cinco anos, oito meses e três semanas”.
   Comocionado ao descobrir que aquele lindo lugar era um cemitério, passou a ler todas as placas, e, quando descobriu que quem havia vivido mais tempo mal ultrapassara os 11 anos, foi tomado de uma dor terrível. 
   Sentou, e chorou:
   “Por que chora, algum parente seu?”
   “Não, não tenho nenhum parente neste lugar, mas queria saber que maldição há por aqui que os obrigou a construir um cemitério só para crianças?”
   “Não há nenhuma maldição, o que temos aqui é uma tradição: quando fazemos 15 anos, nossos pais nos dão um caderno de couro como este que trago aqui pendurado no pescoço, vê? Quando nos acontece uma coisa boa, abrimos o caderninho e anotamos à esquerda, o ocorrido, e à direita, o tempo que durou o prazer que nos causou".
   "Para cada acontecimento bom, anotamos o ocorrido e o tempo desfrutado, porque, quando morremos, nossos amigos tomam nossos livretos, somam todos os momentos felizes  e escrevem sobre nossas tumbas".
   "Porque, para nós, esse é o único e verdadeiro tempo vivido".

Extraído Zero Hora, coluna Dr. J.J. Camargo

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